sexta-feira, 10 de junho de 2011

CASA DOS CRIADORES 2011




A coleção de Verão 2012 assinada por Rober Dognani foi, discutivelmente, a melhor do segundo dia da Casa de Criadores. Mas… era mesmo uma coleção de Rober Dognani? Quem acompanha o trabalho do estilista há algum tempo deve ter se perguntado isso (nós, da U+MAG, tivemos essa conversa entre a gente depois do desfile). Tudo apresentado aqui foi muito, muito belo. A cartela de cores e, principalmente, o mix-and-matching de Rober supera todas as expectativas, é genial, lindo, exuberante, contemporâneo, inteligente e merece muitos mais predicados do que caberiam nesta resenha. Peça de uma cor, forro de outra, acessório de outra, e tudo (uau!) harmonizado. E cada item _vestidos, camisas, calças_ se torna automaticamente um objeto de desejo para qualquer mulher de fino trato.
Mas, de novo, onde estariam as ideias originais de Rober? Dá pra ver muita referência internacional aqui: Jil Sander, Balenciaga, Lanvin… mas, isso não é o ponto nevrálgico. Se inspirar numa grande marca, ou nas criações de um grande estilista, não é um problema, ainda mais hoje em dia, em tempos de reciclagem frenética. A problemática começa quando a identidade, ali sempre presente, acaba enfraquecida por ideias e propostas pouco digeridas, digamos assim. Seria como a diferença entre fazer um cover ou samplear uma música. O primeiro (cover) é uma reprodução. O segundo (sampler) é uma apropriação. Acreditamos que toda e qualquer apropriação é válida, e achamos também que neste desfile faltou ir um pouco além.
Talvez seja uma visão um tanto romântica, mas não deveria um estilista ter o compromisso em propor abordagens e ideias com um viés pessoal, autoral, quase que único, por mais que seu trabalho seja baseado em reciclagens e reapropriações (Marc Jacobs que o diga)? Faltou um pouco disso. Por mais que as construções, o glamour, as proporções e o recorte exalassem a identidade de Rober, sentimos falta do passo adiante, do fazer desse color block geométrico algo que a gente só encontre ali.
Sua modelagem continua impecável, sem nenhuma costura ou fio fora do lugar. Os tecidos usados, de diferentes pesos e texturas, também demonstram o domínio técnico do estilista sobre as matérias-primas que escolhe usar em suas coleções. As cores, como dissemos, são espetaculares, equilibradas e combinadas de uma forma surpreendente. Só ficou faltando, mesmo, a autoria, aquela assinatura que seria capaz de associar esta coleção ao seu nome.


Depois de uma estreia triunfante, as expectativas não eram poucas para o segundo desfile de Alê Brito. Ainda assim, o estilista e clubkid conseguiu mostrar que a segunda vez pode ser muuuito melhor que a primeira. A grande sacada foi a concentração quase que exclusiva em seu ponto forte: a boa e velha jaqueta de motocicleta. Ícone da cultura punk e rock (algo natural para Alê), a peças vêm desconstruídas e reconstruídas nas mais diversas formas. Viram vestidos, maiôs, perdem as mangas, deslocam-se as golas, transformam-se em tubinhos ultra-justos de couro, macacões é até ensaiam uma metamorfose com o smoking.
Aliás, esse flerte com a alfaiataria, tão sensual quando as lapelas aparecem nos maiôs ou fazem as vezes de alças em pseudo-macacões, imprime uma sofisticação extremamente adequada para coleção, e injetam frescor no repertório do estilista que resolveu quase que completamente os problemas de modelagem da temporada passada. Se faltou alguma coisa? Aquele bom masculino que se destacou no inverno 2011. Mas isso, se resolve depois.


Sexta-feira (10), todo mundo está de olho no final de semana e é o último dia da Casa de Criadores. Às 20h, na sequência dos desfiles do Projeto LAB, desfilam Walério Araújo, Danilo Costa, Cynthia Hayashi, o convidado especial Mark Greiner e Sumemo. Vamos antecipar um pouco das inspirações, peças e cores dos desfiles de hoje à noite?


O Verão 2012 de Walério Araújo será inspirado nas manifestações genuinamente brasileiras
Walério Araújo
A inspiração de Walério Araújo será o folclore e suas manifestações genuinamente brasileiras como Lampiã, Maria Bonita, o bumba meu boi, pastoreio, pangos e reijado e xaxado. As peças são variadas, o desfile contará com Kaftans, macacões, bodys, vestidos brancos e a paleta será em quase sua total maioria branca com um pouco de prata e dourado.


Danilo Costa terá o verão 2011 inspirado na lenda irlandesa do Leprechaun
Danilo CostaA referência principal do desfile de Danilo Costa é uma criatura tradicional da Irlanda, o Leprechaum, o gnomo guardião do pote de ouro no final do arco íris. O problema é que o personagem não se dá muito bem com os humanos e isso é representado na coleção pela cor preta. Mas, como é característico das coleções do estilista, as peças que vão desde alfaiataria, street wear e beach wear, são pontuadas por  todas as cores do arco íris: lilás, auzl claro, azul royal, verde, amarelo, laranja e vermelho

Gentilmente  sedia pela casa dos criadores ao nosso Blog 


Nenhum comentário:

Postar um comentário